«Harmonioso vulto que em mim se dilui»
Natália Correia
O poema instala melodias num tempo que se suspende
num tempo que vivo imersa em total abundância
e é revolto instrumento dum sopro que me sustém
num fio de voz vindo do mais fundo do ventre
Chamo essas notas para atravessar outro sentido
através da abertura dos meus pulsos a sangue frio
sem dor sem remorsos do fluido que verte e faz
o caminho que intento sem saber o que encontrarei
Esse percurso de sílabas ferozes é o poema
bruto visceral que de seguida se desfaz e obedece
ao movimento interior que o clama a um regresso
tornando-o harmonioso vulto que em mim se dilui.
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