«Come slowly - Eden!»
Emily Dickinson
Vi-me fechada no teu quarto – em Amherst –
e fechei bem os olhos – para sentir no ar
a tua voz perdida – a imagem do teu rosto
branco pequenino inclinado – para a garganta –
em busca do néctar – mel das palavras-primas –
E assim lentamente me chegou – à língua – o éden
que trinquei como um pedaço de ti – Emily –
Perdoa-me a metonímia acostumada porque te vejo
Perdoa-me a metonímia acostumada porque te vejo
muito o vestido branco – os bandós sobre as têmporas –
os olhos negros a quem peço encarecida que me segredem
os teus ritmos abruptos – raízes silentes – claves pungentes
a quem clamo que me levem ao fim dos teus mistérios –
com os meus punhos tensos – como a tua pontuação –
excessiva – cheia de pausas para te ouvir ainda –
ver a tua sombra na erva – a tua vida infinita a trair a morte –
com os meus punhos tensos – como a tua pontuação –
excessiva – cheia de pausas para te ouvir ainda –
ver a tua sombra na erva – a tua vida infinita a trair a morte –
E para te engolir inteira quero que as tuas ânsias me ardam –
no colo – quero que as tuas sílabas se ondulem nas ancas –
qual sépala – pétala – espinho ditos em gritos largos
que me inibam a fome – pela tua concisão de poeta –
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