sábado, 25 de janeiro de 2014

[Estas palavras querem falar com outras palavras]

Estas palavras querem falar com outras palavras
nem que as outras palavras não se abram em flor.
Estas palavras distinguem-me dos animais.
Mas estas palavras estão desesperadas por entrar
no rasto do teu pólen   por selvagens sugarem 
da tua boca as tuas palavras estagnadas.
Envolvo-as em água e    limpas    estas palavras dizem 

que é bom tê-las na boca só para ti. Pedem em silêncio
que as aceites  calado sobre o teu corpo armadura.
Estas palavras são abelhas e outras ameaças.
Mas mesmo assim quando puderes
com essas outras palavras que guardas na garganta
como ossos atravessados    responde-lhes
com a tua língua de terra e rio    acalma-as.
Podes também soterrar as minhas palavras se preferires.
Concede a força das pedras pesadas que rolam pelo monte
às tuas palavras engasgadas. Instala-lhes revolta.
Se as engolires  tornam-se irremediavelmente daninhas
maculam o teu caule duro de homem-flor.
Di-las como se ainda não estivessem amargas
como se ainda me pudesses querer toda ou mesmo nada.

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