quarta-feira, 7 de agosto de 2013

[Quando tudo estremece ouço a música]


«Quando tudo estremece ouço a música
e cá dentro dessa agudíssima ordem
encontro a melancolia de um possível fim»

«Posso entrar assim frágil na tua harmonia
quase triste? Sei que também eu me desmorono
mas ouvindo-a juntos poderemos ser altos de novo»

«Não creio que possas restituir-me a paz merecida.
Esta música que ouço é só minha e tem portas
que só eu abro para cair no chão que se cria.
Quero estender a minha vida no tapete e sacudi-la
até me sentir vazia das coisas que fomos.»

«Faz-te cair ainda mais a melodia que reinventas?
Não compreendo... Deixa-me cair contigo
enquanto tudo parece estremecer à nossa volta.
Quero fazer-te pelo menos mais forte do que eu.»

«Não compreendes que cada vez que tentamos ser
as ondas deste mar retrocedem até ao horizonte
e por mais que os meus olhos esperem pelo seu regresso
deixam de as ver  mesmo perto da luz que rasga os dias?»

«Se eu deixar de te dar o sentido que ponho em cada
manhã. Será isso que queres definitivamente?
Um horizonte só teu?»

«Sim um horizonte em ruínas. É isso que preciso de ver
pr' acreditar que mesmo destruída encontro a desmesura
de mim que me alimentará até ao fim dos meus dias.»



Imagem: Edward Weston

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